Os Múltiplos Desafios e o Well-Being Organizacional
A sociedade está em constante transformação, as Pessoas, enquanto agentes ativos desta mudança, promovem a mudança no mundo do trabalho. Se as Pessoas estão ativamente envolvidas neste processo, como agentes de mudança estarão conscientes dos riscos e benefícios e, concomitantemente reconhecem os desafios que estes mesmos processos acarretam. Estarão as empresas assim tão conscientes dos benefícios ou estarão maioritariamente focadas nos custos?
Num mundo repleto de desafios, um dos temas quentes do momento nas organizações e na gestão das Pessoas é o Well-Being. O impacto do processo de transformação tecnológica nas organizações foi e, ainda é uma questão que exige um esforço de adequação por parte dos profissionais e das organizações. A tecnologia e a introdução de novos modelos de trabalho que emergiram nos múltiplos contextos organizacionais, contribuíram em larga medida para a complexificação da relações sociais e intensificação das múltiplas situações de conflito. Estas situações de conflito experienciadas nestes contextos em específico, podem ter origem em múltiplas fontes ou fatores de risco. Os fatores de risco psicossocial podem resultar do excesso de horas de trabalho, da falta de equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, da carga de trabalho, da liderança, da falta de autonomia, do trabalho por turnos, da falta de horário, de situações de mobbing e casos de assédio. Entramos no domínio dos riscos psicossociais que, inevitavelmente conduzem a situações que contribuem para o stress ocupacional episódios de ansiedade que poderão evoluir para situações mais graves e incapacitantes, como o Síndrome de Burnout e a múltiplas perturbações e doenças mentais como a depressão.
Para simular como é que estes fatores proliferam em contexto organizacional, vou recorrer ao campo da medicina (mas, de forma muito simplista). Os vários fatores que selecionei funcionam como vírus, tendo a temperatura ideal e a energia que necessitam podem permanecer incubados por vários anos nestes sistemas complexos onde encontram um campo fértil para proliferar. Quando encontram oportunidade ou o “evento” que necessitam manifestam a sua presença, com toda a sua energia no sistema adoecendo o agente. Os riscos psicossociais funcionam da mesma forma, permanecem incubados nas organizações, minam as relações de trabalho, degradam as relações entre colegas e chefias, não permitem que as pessoas experienciem momentos de bem-estar em contexto organizacional.
Os riscos psicossociais necessitam de ser identificados, medidos e controlados para limitar a sua ação dentro das organizações. Sendo, uma das dimensões do Well-Being organizacional não deve ser descurado pelas organizações, deve ser entendido como uma medida para alavancar o Well-Being e a Saúde de forma holística das nossas Pessoas. Devem ainda, ser desenvolvidos programas que tenham por base diagnósticos com base científica e credível que atuem a este nível de risco atendendo às especificidades de cada organização.
Em suma, eu acredito que as organizações estejam focadas nas suas Pessoas, que são sem dúvida o seu ativo mais importante, contudo é percetível que os desafios são múltiplos nos nossos dias. Mas ainda assim, é importante refletir sobre estas questões que se prendem diretamente com o Well-Being organizacional. É vital, investir no desenvolvimento e na implementação de práticas de gestão e liderança mais humanizadas para atrair e reter a nossa pool de talentos e, consequentemente, alavancar os indicadores de produtividade organizacional.
Daniela Lima, Managing Partner da Swaifor